Conheça o cearense que é destaque em time paulista de polo aquático
Superar as adversidades da vida e conseguir destaque em um dos centros mais disputados do Brasil, em um esporte com pouca visibilidade, definitivamente não é uma tarefa para qualquer um. Mas o cearense Ronald Santos, 20 anos, mostrou que o talento é capaz de quebrar qualquer barreira. Oriundo de família humilde, nasceu em Fortaleza, onde morava no bairro Vicente Pinzon, e hoje é goleiro do time de polo aquático do Club Athletico Paulistano, time de elite de São Paulo.
A vocação pelo polo veio por acaso, já que gostava de diferentes esportes. Após a separação dos pais, quando tinha 12 anos, sempre foi incentivado por eles a praticar atividades físicas para ocupar o tempo vazio. Jogou futsal por um tempo e, depois, com a natação, descobriu a atual ocupação. “Conheci o Polo por meio da natação em 2007. Sempre fui um nadador intermediário, pois comecei um pouco tarde. Sempre depois do treino tinha o treino de polo com o time adulto e sempre que nos encontrávamos eles nos chamavam para jogar. Um dia qualquer, eu e mais cinco amigos decidimos ficar e ver como funcionava. Daí então praticamos cada vez mais e o meu grande amigo Jefferson Lima, hoje técnico da equipe de Polo Aquático do Náutico, pensou em montar um time Junior. Essa foi a primeira geração do retorno do polo aquático no Ceará”, conta em entrevista ao portal Jangadeiro Online.
Mudança de ares
Ronald pratica polo aquático há cinco anos, sendo quatro atuando pelo Náutico Atlético Cearense. Há um ano veio o grande desafio da sua vida: se mudar para São Paulo. Foi um processo até rápido demais na vida do jovem. Após se destacar no torneio Norte-Nordeste, sua equipe começou a jogar contra as grandes potências do eixo Rio-SP. Em 2009, chamou atenção durante a disputa do primeiro Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, já mais experiente, a equipe do Náutico arrancava elogios dos clubes, justamente em um período de contratações. Foi daí que surgiu a chance de passar por um periódo de 15 dias de testes no clube Athetico Paulistano, quando ouviu que o goleiro daquela equipe estava pensando em migrar para o Fluminense Futebol Clube.
Ele relata que obter a resposta da equipe foi o processo mais angustiante: “Quando voltei para casa depois dos treinos em SP eu sabia que tinha deixado uma boa impressão, mas não estava muito confiante. Passaram-se um mês, dois meses e nada de ninguém entrar em contato comigo, quando de repente recebi um email ‘Quando você pode vir? Te oferecemos casa, transporte, alimentação, faculdade e ajuda de custo…’ Quando eu vi nem acreditei…”.
Em terra nova, o jovem atleta ganhou uma oportunidade que muitos sonham ter. Hoje estuda Ciências Contábeis na Universidade Paulista (UNIP) e sua rotina é bancada pelo time que defende. Mas ele relata que o processo de adaptação não foi fácil: “De início foi muito difícil uma outra cultura, pessoas de hábitos diferentes, não só no comportamento, mas por suas expressões frias, totalmente diferente do povo acolhedor de Fortaleza. Com o passar dos dias eu fui me adaptando, creio que a única dificuldade é a saudade da família, namorada, amigos e lógico, as nossas belas praias”.
Dificuldades
Mesmo conseguindo destaque no esporte, ele fala que as dificuldades enfrentadas entre os praticantes ainda são muito grandes, já que, no Brasil, ainda não é possível viver de polo e todos os atletas têm de conciliar trabalho, estudos e rotina de treinos. “Muitos dos jogadores tem o polo como segunda ou terceira prioridade por conta da falta de incentivo e sua não profissionalização. Não é um esporte popular, até porque para se treinar você precisa de uma piscina, e isso acaba não sendo algo de fácil acesso”, diz ele.
Poucos conseguem crescer na área, e Ronald sabe que ele é exceção. Ele destaca alguns nomes do Ceará que poderiam dar muito o que falar: “Francisco Natanael Ramos, Sara Larissa dos Santos, Tiago Gomes da Silva, todos esses se destacaram, mas a falta de incentivos, problemas para a pratica e problemas pessoais acabaram fazendo que eles ou fossem parando ou ficando só como hobby”.
Para ele, a falta de apoio e organização por parte das autoridades são os principais fatores para que o polo aquático não ganhe um maior destaque no país: “A gestão de esportes aquáticos tem que elaborar campeonatos mais longos, expandir o esporte entre os outros estados e não deixar centralizado no Sudeste. Se em cada estado as federações incentivassem pelo menos dois clubes à prática do esporte e tivesse campeonatos por regiões, não com apenas dois times, mas com 8 ou 12, teríamos times suficientes para massificar o esporte e com isso conseguiríamos visibilidade”.
Ainda assim, ele fala de projetos no Ceará que apoiam o polo aquático:.”O Clube Náutico Atlético Cearense possui escolinha de polo com valores bem acessíveis e também há um projeto para crianças e adolescentes no centro Cuca Barra. Existem vários projetos, mas precisam sair do papel. Temos como exemplo o time do SESI que hoje é o único que todos os seus jogadores têm carteira assinada e direitos de um trabalhador”.
Fato é que, só de chegar onde chegou, o jovem pode ser considerado um grande campeão!
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