Em uma das semi-finais do norte-nordeste adulto de pólo aquático masculino, aconteceram fatos que nunca gostaria de ter presenciado em uma partida de pólo aquático. Na falta de mais árbitros, foi definido que para acorrer uma arbitragem "neutra e imparcial", deveriam apitar um árbitro paraibano e outro cearense. Até aí tudo bem, porém o que aconteceu foi totalmente vergonhoso e constrangedor.
Desde o começo do jogo, que nós, Náutico, vinhamos percebendo alguns erros por parte do arbitro paraibano, porém erros acontecem, e nem passava pelo nossa cabeça alguma malícia. É preciso lembrar que enquanto o Náutico teve condições justas de jogar, sempre se mostrou superior ao CIEF e sempre estava dois gols ou mais na frente do placar.
Não gosto de justificar derrotas por motivos extra piscina, aliás, nunca fiz isso, e pensei que nunca faria na vida. Porém diante do que todos viram, é impossível ficar calado e não fazer nada. Todos os outros representantes dos outros times (Amazonense, Santa Maria e Hedla Lopes) presentes no jogo (torcida), estavam indignados com o que viam. Escutei relatos de muitos, dizendo que não gostavam de jogar na Paraíba devido a esses fatores externos, o que no fim, acabou sendo minha opinião também. Quero deixar claro que o que digo é baseado em fatos concretos filmados e com testemunhas.
Para elucidar melhor as pessoas que lá não estiveram presentes, fiz um relatório enumerado que segue abaixo.
Obs. A maioria dos erros ocorrem no último quarto de partida, prorrogação e pênaltis.
1) Os jogadores do CIEF, desde o início, não deixavam os jogadores do Náutico cobrarem as faltas e o juiz paraibano era conivente com a situação quando isso ocorria em seu campo de visão.
2) O Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano expulsou nosso goleiro gratuitamente, pois ele pediu para o adversário deixar cobrar a falta. O goleiro não o ofendeu, não foi grosseiro e não tinha reclamado antes. Não foi advertido verbalmente, foi logo expulso!
3) Desde o início, foi percebido falta de critério nas marcações por parte do Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano, ou seja, dois pesos e duas medidas nas marcações de faltas entre as duas equipes. No nosso ataque, para acontecer faltas, o nosso time tinha que brigar muito mais que o outro, era sempre mais difícil, sempre tínhamos mais faltas de ataque, mesmo com um time bem mais leve, muito curioso não acham?
4) O Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano marcou contra-faltas contra nós por simulação em diversas vezes e o jogador Henrique (nº 8) do CIEF simulava o tempo inteiro e nada era marcado!
5) Os centros da Paraíba em muitas oportunidades em que não ganhavam a frente, conquistavam essa vantagem com chutes desferidos, aos respectivos marcadores, na altura do abdômen e tórax, o Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano em uma posição privilegiada preferia não marcar tais infrações. E muitas vezes, marcava faltas na área de atuação prioritária do outro juiz em benefício do CIEF.
6) Mais uma vez, o jogador Henrique (nº 8 CIEF) simulava na frente do árbitro (Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano) e tudo era marcado em seu favor, curioso!
7) Diferença muito grande de critério do Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano entre as marcações de faltas no centro. No ataque do CIEF a arbitragem era mais leve, do nosso lado (Náutico) era mais pesado. E o mais engraçado é que os jogadores do Náutico eram bem mais leves.
8) Em um lance de ataque do náutico, o jogador do CIEF, Henrique (nº 8), perdeu a touca em uma disputa de bola. O juiz (Eugênio Gondim) parou o nosso ataque e pediu a bola pra si, para que o atleta procurasse a sua touca. Nesse momento o jogo estava 5 x 4 para o Náutico. O Jogador nadou lentamente para o seu campo de ataque e foi procurar a sua touca com auxílio do goleiro adversário. A arbitragem esperou o tempo suficiente para ele achar a touca e não o pressionou de qualquer maneira. O jogo só foi reiniciado quando o jogador estava devidamente uniformizado e sua defesa devidamente postada. Até aí tudo normal!
9) No 3º quarto, o náutico havia marcado o seu 6º gol e o placar estava 6x4, em uma jogada de escapada no ataque do CIEF, o jogador atacante ia em direção ao gol e nem se quer foi tocado pelo defesa e foi marcado o penalti pelo arbitro Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano. Este foi um dos piores erros, pois lembro bem que no nosso primeiro jogo, esse mesmo lance aconteceu umas 10 vezes em nosso favor, e nada foi marcado. Inclusive o Cabral conversou comigo que a tendência de marcar penaltis tinha mudado desde o mundial Júnior na Croácia, os jogadores atacantes tinham que brigar muito mais para acorrer o penalti e não simplesmente esperar a falta. E foi o que ocorreu nesse lance e o Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano marcou o pênalti mesmo sabendo da mudança.
10) Logo em seguida o Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano marcou uma expulsão em que a defesa do Náutico comete uma falta simples, cujo os jogadores estavam um de frente pro outro. Mais uma vez ocorre falta de critério, pois do outro lado, a mesma jogada não ocasionava falta grave, no máximo falta simples.
11) No último quarto, a defesa do CIEF continua não permitindo os jogadores do Náutico cobrarem as faltas e o Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano nada faz!
12) Mais um penalty é marcado a favor do CIEF pelo Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano, e mais uma vez na área prioritária do outro árbitro que nada havia marcado e que se encontrava em posição bem mais favorável ao lance. E pior, mais uma vez, o lance foi muito sensível, sem qualquer demonstração de luta, tudo ao contrário do que tinha sido discutido no congresso técnico. Daí em diante o “melhor jogador em campo”, mais do que em qualquer outro momento da partida foi o grande Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano. A esta altura, estávamos nos sentindo altamente injustiçados.
13) No último quarto, o jogo ficou violento por parte dos jogadores do CIEF, que são bem maiores em estatura e peso, os árbitros nada fizeram para coibir a violência.
14) Em um lance, nosso goleiro antecipou uma jogada e quando foi repor a bola em jogo, levou um soco na face desferido por um jogador adversário. Eu vi e falei a seguinte frase literalmente: "Estão dando murro Eugênio", me referindo ao árbitro mais próximo (Eugênio) do lance. Imediatamente fui expulso. Quero lembrar que não estava reclamando antes, não fui grosseiro, não falei palavras de baixo calão, eu simplesmente falei que meu goleiro havia sido agredido. Não fui advertido verbalmente, não levei cartão amarelo, simplesmente fui expulso por dizer que meu goleiro tinha sido agredido. Este, ao meu ver, foi o único erro gritante do arbitro Eugênio Gondim (CE) porém teve um grande peso negativo para a nossa equipe.
15) No último quarto, o jogo estava 7x6 para o Náutico, e em uma falta simples cometida pelo CIEF, o goleiro do CIEF, esbravejou, socou a água e falou a palavra “PORRA” para o juiz (Eugênio). Lembro-me bem que no item 2 deste relatório, meu goleiro foi expulso por dizer que não estavam deixando o seu próprio time cobrar a falta. Creio eu, que falar palavras de baixo calão para um árbitro é uma falta grave, seguindo o critério dele, o Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano deveria ter se envolvido no lance e marcado a falta grave, mas nada fez!
16) Os jogadores do CIEF reclamavam da arbitragem e xingavam os adversários e nada acontecia. No mínimo isso é contraditório e incoerente! Quanta diferença, o técnico e o goleiro do Náutico são expulsos por avisarem o juiz de um fato ocorrido, e os jogadores do CIEF batiam e xingavam os adversários e nada era feito.
17) No último quarto da partida, mais uma vez, uma falta simples na zona morta do campo, onde os dois jogadores estavam de frente um para o outro, se tornou falta grave a favor do CIEF na mente do Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano. O jogo estava 7x6 para o Náutico. Quando o mesmo acorria do outro lado não era marcado nem falta simples por várias vezes. Logo após o CIEF empata o jogo!
18) No lance seguinte, o jogador 10 (João Ramos) do Náutico recebe uma bola limpa no centro com o seu marcador em suas costas, este último comete falta grave muito clara e o Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano marca apenas falta simples.
19) Em um lance no último quarto, o jogador do NAC nº 5 (Caiky) perde seu gorro. Imediatamente Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano o pressiona para achar e a mesa, na voz de outro paraibano diz que se o atleta não achar o gorro, este deverá ser substituído rapidamente, e insistiu mais três vezes nesta afirmação não dando tempo para o jogador procurar o seu gorro, sorte que o pessoal de Amazonas jogou uma touca 5 pra ele. Vale lembrar que, nas circunstâncias do jogo, o jogador 5 do Náutico, era o jogador que oferecia mais perigo ao adversário. Muito curioso quando comparamos com o item 8.
20) Em um lance na prorrogação, depois de um Homem a mais em favor do Náutico, o jogador 10 (NAC) chuta na trave e a bola cai ao lado direito do gol, um de nossos jogadores ia pegar o rebote, e Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano marca tiro de meta pro goleiro, sendo que ele (juiz) está no meio do campo andando pro ataque. Na filmagem, em nenhum momento a bola toca na linha de fundo. O lance seria perigosíssimo em nosso favor!
21) Logo após, acorre um H+ para a equipe do CIEF, o jogador do CIEF imediatamente cobra a falta e erra na força, ocasionando interceptação da defesa, imediatamente o Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano apita e tira uma falta simples inexistente da cartola! Bravo!!! Não contente, a jogada prossegue, o jogador do CIEF efetua um passe para o centro, onde a bola atinge uns 3m de altura (o jogador nunca pegaria), e que caso pegasse, estaria em posição irregular (dentro dos 2m). Mas acontece o inacreditável, ele marca pênalti, mais uma vez sem qualquer contato mais acintoso entre os jogadores.
22) Na decisão de pênaltis, quando o atleta do CIEF foi chutar, ele simplesmente depois de ter iniciado o movimento parou a execução do mesmo. Imediatamente o Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano mais uma vez se metendo na função do outro árbitro, marcou que o goleiro se adiantou! Beneficiando o time do CIEF. Nossos jogadores que estavam sentados na frente da mesa, escutaram a própria mesa falar que o pênalti tinha sido válido e perdido. Mas o Sr. Ilustríssimo Juiz paraibano sustentou o erro.
Considerações Finais:
Depois de tudo isso, passa um filme em nossa cabeça, o quanto é difícil está envolvido com um esporte carente no país, o quanto é difícil motivar atletas humildes que enxergam no esporte praticamente a única chance de vencer na vida, o quanto é difícil juntar verba para viajar e muitas vezes não ter as melhores condições. Também passa pela cabeça a dura missão de buscar novas técnicas, táticas e formas de treinamento para aprimorar a nossa equipe, o quanto a gente se preparou para jogar...
Quando paramos para pensar em tudo isso, ficamos indignados com o que aconteceu com a gente neste jogo, tenho certeza, que o mesmo acorreria com qualquer outro adversário e se na final o Sr. Juíz paraibano apitasse, dificilmente o CIEF sairia perdedor! É uma pena, pois o nosso esporte é tão carente e ao mesmo tempo tão rico em interesse próprio. Tenho quase ceteza absoluta que essas palavras não valerão de nada, pois é sempre assim mesmo, mas não poderia calar diante dos fatos apresentados. Como diz um amigo meu paraibano, o imediatismo exagerado prejudica o esporte, ou seja, o querer ganhar a todo custo!
Mas como diz o ditado, "nada como um dia após o outro", depois da final, os jogadores da Paraíba quiseram agredir os juizes da partida, que dessa vez apitaram de forma limpa e imparcial. Nós em nenhum momento fomos atrás de agredir ninguém, simplesmente tivemos que engolir esse sapo.
Pra finalizar, quero parabenizar todos os meus atletas, que foram guerreiros e lutaram atá o fim, contra tudo e contra todos. Fizeram a partida mais emocionante que eu já vi na minha vida, e dificilmente verei denovo. Mostraram dentro d'água que eram melhores até quando outros fatores decidiram o jogo. Nosso time, entre todos os outros, era o único que atacava com 6 e defendia com 7, mas é claro que apresentamos falhas, como o jogo contra o Santa Maria, onde abrimos 4 x 0 e levamos 6 gols seguidos depois, ainda temos que ter mais atitude para jogar contra times mais pesados, mas jogo corpo a corpo, porém ensinar a bater, eu nunca vou ensinar, porque violência cabe aos arbitros coibirem. Aqui em Fortaleza, nós não sabemos o que é jogar batendo e xingando, ou seja, tentamos jogar um pólo aquático mais moderno, limpo e dinâmico.
Jefferson Lima
Técnico de Pólo Aquático do Náutico